Como nossas emoções influenciam nossas escolhas financeiras!
Por Ronaldo de Souza, nov/2019
Olá, estamos iniciando uma série de artigos sobre Finanças Pessoais com o objetivo de trazer reflexões sobre o nosso comportamento quando se trata das nossas finanças.
A Educação Financeira tem sido considerada como um fator importante para o desenvolvimento da população brasileira, tão carente deste tipo de informação, a ponto do Governo, instituições de ensino, instituições financeiras estarem dedicando parte do tempo e recursos para informar e transformar o comportamento da população, através do conhecimento de cada indivíduo, nesta área tão vital para as nossas vidas.
A partir de janeiro de 2019, passou a ser obrigatória a Educação Financeira para crianças do ensino fundamental de escolas públicas e privadas, adaptando-se às diretrizes da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que orienta a elaboração dos currículos.
O conteúdo de Educação Financeira deve ser abordado principalmente em Matemática, como conceitos de economia e finanças, também em Ciências e História, com estudo do valor do dinheiro, sua função na sociedade, impostos, consumo ao longo da história. Com isto podemos considerar a importância deste tema para a vida das pessoas, mas que até então não mereceu a devida atenção e a Educação Financeira não havia sido inserida na vida escolar, e tampouco na educação da maioria dos brasileiros.
Considerando os novos tempos que estamos vivendo na economia desde o Plano Real, que trouxe uma redução dos níveis de inflação, aumento gradual na renda permitindo que mais pessoas tivessem mais acesso aos produtos e serviços, pode-se perceber também que mais pessoas acabaram se endividando justamente por não estarem preparadas para este momento e os novos hábitos de consumo.
Quando falamos em dinheiro, estamos falando em economia e todas as questões que envolvem o comprar, o vender, o emprestar, o tomar emprestado. No entanto tem sido estudado também aspectos do comportamento humano que influenciam as nossas decisões, em especial, nossas decisões financeiras.
É sabido que tomamos decisões em todo o tempo, desde escolher o melhor caminho ou o mais rápido para chegar ao destino em determinado momento do dia. Às vezes, por melhor que seja a nossa intenção podemos errar e nos decepcionar com a nossa decisão, quer seja devido a um acidente inesperado ou mesmo uma obra no nosso trajeto, que está causando um congestionamento e irá fazer com que nos atrasemos para chegar ao nosso objetivo.
Em todas as nossas decisões financeiras têm um componente muito importante e que a maioria das pessoas não percebem, que interferem tanto para o bem quanto para o mal, que são as nossas emoções.
Significado de heurística (sf) ou vieses no dicionário: Ciência ou arte que leva à invenção e descoberta dos fatos. Método de ensino que consiste em que o educando chegue à verdade pelos próprios meios. Ramo da ciência histórica que consiste na pesquisa de documentos e fontes do passado. Procedimentos e normas usados em pesquisa feita por meio da quantificação de proximidade a um determinado objetivo. Dicionário Michaelis
Com o objetivo de entender a influência das nossas emoções nas decisões financeiras dos indivíduos os estudos incluíram outras áreas como a Psicologia e Sociologia, surgindo as Finanças Comportamentais. Com isto ampliou-se o conceito para trazer à luz o fato de que estas decisões são incompatíveis com o entendimento de que não são baseadas no que é racional. No entanto estudos (Thaler e Sunstein, 2008) têm demonstrado que o nosso comportamento varia no tempo e no espaço, estando sujeito a vieses cognitivos, emoções e influências sociais.
Ao fazermos escolhas financeiras reais, nem sempre percebemos o que nos move, quais as condições influenciam e como a nossa mente opera em cada uma destas decisões. A questão relevante é que temos limitações naturais, nossa racionalidade e inteligência nos expõem a ciladas e armadilhas fazendo com que sejamos irracionais em nossas decisões.
Como exemplo podemos observar a questão do argumento “grátis” utilizado em promoções. Você já percebeu qual o efeito que causa em você?
Ao ler a palavra GRÁTIS, você faz a conta para ver se realmente o desconto foi abatido do preço real ou está embutido no valor que você está pagando, sem perceber? A promoção diz que se você levar 3 unidades uma é grátis. Você calculou se o preço do pack considera o desconto? Você acredita que o preço mais alto de um produto significa que o produto é de maior qualidade? Já percebeu como a sua mente reage a este tipo de informação? Ao se deparar com isto você verifica se realmente o produto de maior valor entrega mais que o outro de menor valor? É sabido que alguns vinhos não tão caros têm uma classificação alta enquanto vinhos de maior valor nem sempre têm a mesma classificação nas avalições dos experts no assunto. Você está no supermercado e ouve no sistema de som o narrador diz que tem uma promoção relâmpago, um produto com um desconto e os clientes que levarem nos próximos dez minutos, terão direito a um desconto super especial. Mesmo não precisando do produto ou não constando na sua lista de compras você se sente tentado(a) a comprar para aproveitar a superoferta?
O entendimento de como os vieses agem em nós no capacita a tomar decisões melhores para um consumo consciente, comprando produtos e serviços que realmente atendem às nossas necessidades, evitando o gasto desnecessário e aumentando a nossa capacidade de acumulação e poupança a longo prazo.
Estudos comprovam que a maioria de nós está exposta a vieses comportamentais e um deles é a racionalidade, que pressupõe que as pessoas consideram todas as informações disponíveis no momento da decisão, porém isto não garante que não cometemos erros ao decidir, inclusive pelo fato de que não temos acesso à maioria das informações relevantes para a tomada de decisões.
Estes vieses estão presentes também no momento de decidirmos sobre os nossos investimentos e aplicações financeiras, melhores oportunidades, riscos e benefícios. É por este motivo que tantas pessoas, no intuito de obter resultados mais rápidos, ou mesmo maiores, optam pelas ofertas de investimento e aplicam naqueles de ganho rápido e muito atrativos.
Também por isso é que crescem tanto os golpes nos investidores com este perfil.
Você é deste tipo de pessoa, vai logo acreditando nas ofertas de ganho fácil e rápido que recebe pelas redes sociais, e-mails, amigos?
